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Foto do escritorLeonardo Maia

Adolescentes Precisam de Terapia?


Quando começar uma Terapia?

Posso pedir que os meus pais me coloquem na terapia?

Se eu fizer terapia, meu Psicólogo vai contar tudo para os meus pais?

Meu filho vai fazer intercâmbio no exterior, ele pode fazer psicoterapia online?

Nos últimos anos não podemos simplesmente ignorar que algumas modificações importantes aconteceram nas dinâmicas familiares. Existem mais adultos solteiros e morando com os pais, o casamento com filhos ficou em segundo plano, quem tem filhos passa muito tempo longe deles e as escolas em tempo integral já são uma realidade. O período da adolescência ficou extendido até próximo da idades adulta. Isso soa familiar?


A Adolescência é caracterizada como uma fase de mudanças e de rebeldia, quando deixamos de ser crianças, mas ainda não somos exatamente adultos. Ficamos em um meio-termo sem identidade definida, com pressões sociais importantes que nos exigem um posicionamento para o futuro e a definição de planos e projetos de vida quando não conseguimos ao menos lidar com nossos hormônios em efervescência e as descobertas sexuais.


O Senso maduro e saudável de autonomia é de fato uma das tarefas mais difíceis nos desenvolvimento dos adolescentes. Neste exercícios ocorrem muitos embates com os adultos que estão próximos ao recém saído da infância e não estão exatamente preparados em lidarem com as tensões e a tutela adequada neste caminho tortuoso até o mundo adulto.


Algumas pesquisas indicam que adolescentes que tem um relacionamento muito conflituoso em casa e que encontram apoio externo de um professor, mentor, guia ou terapeuta parecem mais bem adaptados ao longo dos anos que se seguem. Por outro lado independência demais causa desajuste apontando que uma certa dose de controle e apoio não são negativos. Ajudar no esclarecimentos das dúvidas e discutir com o adolescente as opções e alternativas frente aos seus interesses e desejos parece portanto a melhor maneira de conduzirmos o processo. Isso porém demanda tempo, paciência e uma certa dose de abertura para o mundo.


Pensando nisso, esta seria uma fase excelente para um trabalho psicoterapêutico, já que o Adolescente vive um período de revisão das coisas que aprendeu em casa e na escola, abrindo possibilidades para mudanças e ressignificação bem como a oportunidade de realizar escolhas importantes que farão toda a diferença no seu futuro.


O Psicólogo pode ser uma figura de apoio fundamental na resolução ou alívio dos conflitos e no auxílio das escolhas que o adolescente enfrenta, contribuindo para que todo seu potencial seja aproveitado. O psicoterapeuta precisa estar atualizado sobre a época em que o adolescente vive, quais as situações sociais em que ele está envolvido, sua linguagem e influências culturais, isto é fundamental pois o Adolescente reflete um mundo em constante mudança, é preciso portanto compreender esse mundo, caso contrário dificilmente o adolescente irá se abrir para a relação terapêutica e para um vínculo saudável.


É possível trabalharmos com Adolescentes tanto em psicoterapia individual, familiar e em grupo e neste caso eles buscam superar seus conflitos e dificuldades apoiando-se mutuamente. Apontamos também para as problemáticas que os Adolescentes se deparam nessa fase do desenvolvimento, como sintomas de ansiedade e depressão relacionados ao desempenho escolar, imagem corporal, formação de identidade, sexualidade, agressividade, relações familiares, entre outras pressões externas que podem ser extremamente desorganizadoras em sua vida psíquica. Outros sintomas como angústia e choro excessivo e sem motivo aparente, fortes oscilações de humor, rebeldia, desmotivação, agressividade, dificuldade de aprendizado, perturbações do sono, abuso de álcool e outras drogas, distúrbios alimentares, fobias são bem comuns nesta fase e os pais ou responsáveis ficam perdidos ou confusos sobre a melhor maneira de lidar com uma tormenta emocional em casa.

Em casos especiais, os pais acabem levando seus filhos para consultas psiquiátricas na tentativa de modular sintomas que muitas vezes são bastante naturais nesta fase. Com a expansão dos planos de saúde e das consultas "relâmpago", fatalmente a avaliação minuciosa e a prescrição de medicamentos ficam prejudicada e banalizadas. Um passeio nas redes sociais mostra que existe inclusive trocas de informações e uma certa "competição" entre os jovens em quem "toma" o que o quanto se "toma"!


Destaco a necessidade cuidados redobrados nesta fase quando falamos em medicalização do que é natural e perfeitamente contornável por meio de apoio e acompanhamento adequados. Quais seriam as consequências futuras para estes jovens que começam a usar psicotrópicos "pesados" tão cedo? Os estudos neste sentido ainda são bastante escassos, logicamente porque a estratégia de "venda" e criação de "consumidores" neste nicho de mercado tem começado muito cedo por intermédio das indústrias de medicamentos.


Não excluo o fato de que alguns adolescentes precisam de cuidados médicos e farmacológicos, mas reforço a ideia de uma avaliação substancial na escolha dos medicamentos, doses e plano do prazo de tratamento. O acesso aos remédios deve ser sempre mediado por um adulto, já que os tratamentos de casos mais graves pressupões o uso de substância controladas e com riscos elevadíssimos sobre um corpo e identidade ainda em formação.


É importante também a orientação aos familiares do Adolescente, pois costumam surgir dificuldades para lidar com os filhos nessa fase. Muitas vezes são os adultos que acabam levando seus filhos ao psicoterapeuta, mas pode ocorrer do próprio adolescente procurar ajuda psicológica para resolver seus conflitos. Independente de como o Adolescente teve acesso à psicoterapia, ressalto os benefícios que este trabalho pode trazer para sua vida, como autoconhecimento, gestão de conflitos, autonomia e empoderamento.


Uma particularidade que vale mencionar é que hoje em dia é bastante comum que os Adolescentes façam intercâmbios para estudar no exterior. Muitas vezes os pais ficam apreensivos sobre este distanciamento e acabam não permitindo que os adolescentes vivenciem esta experiência valiosa para o futuro dos filhos, neste sentido é possível que a psicoterapia/orientação seja realizada a distancia por ferramentas de comunicação online, ajudando assim na melhor adaptação à nova moradia e cultura e ao período em que o adolescente estará longe de casa. Este método é inclusive aprovado pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP).


Em todos os casos são previstas reuniões periódicas com os adultos responsáveis no sentido de atualizá-los sobre o andamento da psicoterapia e reforçar a cooperação mútua para que o tratamento obtenha sucesso, entretanto o conteúdo em si da terapia sempre será preservado pelo sigilo profissional, exceto em casos especiais de acordo com a avaliação do Psicólogo.


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